segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pierrot, Colombina (e Arlequim)



Enquanto o show não termina,
Nossas casas são as ruas, e eu de Pierrot.
Carnaval nos olhos, vem você de Columbina,
E ficamos nós, par de um ímpar amor.

E seu passo de dança no meu se combina,
Um leque refresca o Fevereiro calor.
Você, mais à vontade, lá na esquina
Brincando com brincos e roupas de toda cor.

Eu, Pierrot, triste fico ao ver-te com Arlequim:
A lágrima desenhada no rosto, se multiplica
E o meu coração de bobo em pedaços que fica.

Mas nunca desisto de ter seu amor pra mim:
A moça Colombina , que em beijos quero ter,
Nunca me vê... eu a amo e ela ama outro ser!


Poemas do samuel (BloG)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"ÁGUA DE REMANSO"

Cismo o sereno silêncio:
sou: estou humanamente
em paz comigo: ternura.

Paz que dói, de tanta.
Mas orvalho. Em seu bojo
estou e vou, como sou.

Ternura: maneira funda
cristalina do meu ser.
Água de remanso, mansa
brisa, luz de amanhecer.

Nunca é a mágoa mordendo.
Jamais a turva esquivança,
o apego ao cinzento, ao úmido,
a concha que aquece na alma
uma brasa de malogro.

É ter o gosto da vida,
amar o festivo, e o claro,
é achar doçura nos lances
mais triviais de cada dia.

Pode também ser tristeza:
tranqüilo na solidão macia.
Apaziguado comigo,
meu ser me sabe: e me finca
no fulcro vivo da vida.

Sou: estou e canto.


-THIAGO DE MELLO-

sábado, 19 de fevereiro de 2011

A fonte e a Flor



"Deixa-me,fonte!"Dizia
A flor,tonta de terror.
E a fonte,sonora e fria,
Cantava,levando a flor.

"Deixa-me,deixa-me,fonte!"
Dizia a flor a chorar:"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".

E a fonte,rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.

"Ai,balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai,claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!..."

Chorava a flor,e gemia,
Branca,branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava,levando a flor.


Vicente de Carvalho

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

PRECE


Oh criatura luzente de afetos frêmitos,
De intensos prazeres, de doutrina leve,
Que na epístola mordica se descreve;
E que se desfaz, e se lança ao infinito...

Criatura de imensa voz, e de um mito;
Do irreal dos louvores, único e breve,
E das palavras, que sombria se escreve
O amor, desleal de solidão, e maldito...

Oh ser que de paixão fremida se renova,
Que se arremessa, e que se prova
Na imortal combustão de suas dores...

De o seu ventre alimenta-me em calor,
Traz-me o seu fruto, imune de dor;
O de igual coração, o de seus amores!


Poeta Dolandmay

domingo, 13 de fevereiro de 2011

PÉTALAS DE AMOR


Junto sob os dedos as pétalas
e ao toque sinto a maciez sedosa,
como um carinho pele à pele, estremeço
igual ao vento eriçando a rosa.

Componho a nossa canção de amor
dedilhando as notas com emoção,
declamo os versos com ardor
e a alma chora, aliviando o coração.

A lua nova a se renovar
e o céu infinito a cintilar,
olho bem alto e choro a dor
do tempo que carregou o nosso amor.


AMARILIS PAZINI AIRES

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A lágrima que caiu


Hoje caiu uma lágrima
Não de tristeza,
Apenas caiu, veio rolando de cima
Escorregando em sua beleza.

Hoje caiu uma lágrima roubada
Sentimento profundo, latente
Caiu, desfazendo-se na madrugada
Libertando-se de forma valente

Hoje ela caiu, mas sem aquele véu
Parecendo uma pequena tempestade
Vista descendo do céu.

E foi aquele sentimento louco
Que veio como uma majestade
Aliviando o peso do meu corpo


Betânia Uchôa

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sedução


A poesia me pega com sua roda dentada,
me força a escutar imóvel
o seu discurso esdrúxulo.
Me abraça detrás do muro, levanta
a saia pra eu ver, amorosa e doida.
Acontece a má coisa, eu lhe digo,
também sou filho de Deus,
me deixa desesperar.
Ela responde passando
a língua quente em meu pescoço,
fala pau pra me acalmar,
fala pedra, geometria,
se descuida e fica meiga,
aproveito pra me safar.
Eu corro ela corre mais,
eu grito ela grita mais,
sete demônios mais forte.
Me pega a ponta do pé
e vem até na cabeça,
fazendo sulcos profundos.
É de ferro a roda dentada dela.

Adelia Prado