sábado, 19 de setembro de 2009

LEIA-ME!


Entre quatro paredes estou
imersa em meus pensamentos...
Cada canto tem um verso
que eu compus só pra voce!...
Cada linha, cada rima
é a expressão do que sinto...
Junte tudo com muito cuidado
Leia-me com todo carinho
E entenderás o meu amor!

(Denise Flor)

A Mulher


Ó Mulher! Como és fraca e como és forte!
Como sabes ser doce e desgraçada!
Como sabes fingir quando em teu peito
A tua alma se estorce amargurada!
Quantas morrem saudosa duma imagem.
Adorada que amaram doidamente!
Quantas e quantas almas endoidecem
Enquanto a boca rir alegremente!
Quanta paixão e amor às vezes têm
Sem nunca o confessarem a ninguém
Doce alma de dor e sofrimento!
Paixão que faria a felicidade.
Dum rei; amor de sonho e de saudade,
Que se esvai e que foge num lamento!


Florbela Espanca

Canção do amor imprevisto


Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca
De madrugada, com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem
compreender nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho
inútil aonde viessem pousar os passarinhos.


Mário Quintana

Libida Fantasia


Namoramos o mar, solitários com a Lua
Sentindo a brisa, que nosso rosto acaricia...
Olhando o brilho de prata, que nos desafia
Ao desejo de fundir, minha boca na tua!

Oh brilho encantado, que no prazer nos flutua
Fazendo despir a roupa e a timidez que havia...
Mergulhando nas águas e nosso amor se unia
Soltando todos segredos ao mar, de alma nua!

As águas embalava, nosso amor que ardia,
Fogo em prata, de tanto desejo sonhado
Nesse mar, que a intimidade escondia,

O mais libido ardor... tão apaixonado
Que excitados, de tanto amor se perdia
Por entre o mar e o brilho do Luar encantado!


Loucopoeta

NÃO ME ESQUEÇAS


Por favor, não me esqueças,
Só porque o mundo gira e rola,
As aves evadem-se para Norte
E as flores recolhem-se, no silêncio..
Por favor, não me esqueças,
Nem quando a lua se esconde, no céu,
E as nuvens viajam, clareadas,
Na noite que desce sobre nós.
Por favor, não me esqueças,
Até que eu chegue ao sol poente
E me volte para ti, acenando,
Suba o arco-iris, cantando,

E desapareça na névoa e no mar..
Só, então, sim, tu podes, tu deves
Esquecer-me. Não serei mais
Que uma onda de espuma
Banhando a areia.

ILona Bastos

Bilhetes


Alguns escrevem pela arte,
pela linguagem,
pela literatura.
Esses, sim, são os bons.
Eu só escrevo para fazer afagos.
E porque eu tinha de encontrar um jeito
de alongar os braços.
E estreitar distâncias.
E encontrar os pássaros:
há muitas distâncias em mim
(e uma enorme timidez).
Uns escrevem grandes obras.
Eu só escrevo bilhetes para escondê-los,
com todo cuidado,
embaixo das portas.

Rita Apoena